terça-feira, 14 de abril de 2009

O Desafio das Supersecretárias

Eventos de turismo, gastronomia e cultura ajudam a formar a mão direita de alguns dos principais executivos do País.

Por Ana Paula Kuntz


Nos tempos de Alexandre Magno, um secretário ocupava-se de passar a noite entalhando informações em tábuas de cera. Função de prestígio, mas também de perigo, já que sua tarefa durante o dia era empunhar a espada e acompanhar o patrão nas sangrentas batalhas. A história registra que o imperador grego perdeu mais de 40 secretários, todos do sexo masculino, em sua campanha na Ásia. Decorridos 2.300 anos, muita coisa mudou. Ocupado majoritariamente por mulheres, o cargo demanda a realização de tarefas que vão além da redação da ata do dia, como organização de eventos, programação de viagens e a clássica gestão financeira. Isso quando não extrapolam o campo de trabalho, incluindo a agenda pessoal do chefe, desde a confirmação de uma sessão de massagem até a compra do presente de casamento de um amigo. Não é exagero afirmar que elas, hoje, mantêm a essência do trabalho dos secretários de Alexandre: a plena confiança.
É um grupo que faz crescer um novo ramo de negócios: o de empresas dedicadas a conquistar as secretárias (são 1,8 milhão em todo o Brasil). A rede hoteleira The Leading Hotels criou um programa, o Stars Club, cuja idéia é apresentar àquelas que servem a grandes executivos o que há de melhor para ser oferecido aos patrões. Entre os eventos realizados estão degustação de champanhe com apresentação da história de Veuve Clicquot, degustação de chocolates oferecidos pela Chocolat du Jour, cursos de maquiagem com produtos Dior e palestra a respeito da história do cristal promovida pela Baccarat. “Os parceiros são marcas de luxo, que se identificam com nossos clientes”, diz João Annibale, coordenador do Stars Club, que já tem três mil participantes. “O objetivo é levar produtos e serviços ao conhecimento dessas pessoas, seja homem, seja mulher, que são o braço direito de seus chefes.”
O evento mais recente possibilitou a visitação de jatos executivos. Na mesma ocasião duas locadoras de carros apresentaram alternativas de aluguel de automóveis blindados, com motorista bilíngüe, dentro e fora do País. “Foi interessante conhecer o nível de serviços que nossos chefes usam”, diz Liliane Kelsey, secretária do presidente da petroquímica Braskem, José Carlos Grubisich. Além do mais, o programa dá pontos para quem faz reservas em hotéis Leading. Aquelas com maior pontuação ganham mimos, como viagens para o Exterior. Para Liliane, as chances são boas, já que Grubisich viaja, em média, uma vez por mês dentro do Estado de São Paulo e quatro vezes por ano para o Exterior. “Fora conhecer nossos hotéis, elas têm contato com as melhores opções culturais e centros de compras, para que possam recomendá-los”, afirma Annibale. Para Heloísa Granzotto, secretária do presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, opção é, a propósito, a palavra-chave. “Não decido nada sozinha, a escolha final é dele”, diz. “Ofereço algumas possibilidades, mas todas precisam corresponder a suas expectativas.” Pode soar simples, por evidente, mas a relação entre secretárias e chefes tornou-se crucial. “Afinal, elas são o coração das empresas”, diz Eduardo Farah, co-autor do livro Tudo que uma secretária pode ser e sócio-diretor da Chama Azul Business Care, que freqüentemente promove cursos para secretárias, inclusive dentro das empresas. Alexandre Magno ficaria orgulhoso.


Colaboração da Sec Talentos Humanos
Revista Isto É Dinheiro - Set/2006

Nenhum comentário:

Postar um comentário