quarta-feira, 30 de junho de 2010

Por qual caminho eu vou? : Indecisão ao escolher o curso complica (ainda mais) a vida do vestibulando

Manuel Cunha Pinto
29 de junho de 2010 | 0h 00
Especial para o Estado - O Estado de S.Paulo


Laura levou seis anos até encontrar sua real aptidão

À medida que o vestibular vai se aproximando, aumenta a ansiedade dos alunos - especialmente daqueles que ainda não escolheram a carreira.

Alexandre Satoru Sato, de 17 anos, faz cursinho no Objetivo e está em dúvida entre Arquitetura ou Publicidade ? ele já cogitou cursar Engenharia. "Me dou bem com números, mas não gostaria de trabalhar em lugar fechado", explica. Sato também pensou em seguir os passos do pai, com quem trabalha em uma empresa de paisagismo. "Gosto de mexer com projeto de jardim, mas meu pai não quer que eu siga esse ramo, diz que não dá dinheiro." Como tem jeito para vendas, ele também pensou em Publicidade.

Ana Carolina de Castro Mendes, de 18 anos, não tinha dúvidas de que seria jornalista. Depois de dois vestibulares fracassados, ela agora pensa em Direito. "Estava muito balançada, agora tenho quase certeza", revela Ana, que antes já tinha cogitado Filosofia e Psicologia. Como Sato, ela pondera sobre o que será melhor para seu bolso e acredita que, nesse ponto, o Direito sai na frente. Para acabar com a indecisão, Ana, aluna do Etapa, pensa em buscar orientação de um especialista.

Para a orientadora vocacional Maria Stella Sampaio Leite, a angústia em relação à escolha profissional pode estar ligada a um equívoco. "Eles se perguntam se, por escolher determinada profissão, nunca mais terão acesso a outras coisas de que gostam", explica Maria Stella. "Mas a vida não é uma trajetória em linha reta."

A história de Laura Bertelli Marcos, de 24 anos, é exemplar de uma trajetória tortuosa, com final feliz. Ela largou os cursos de Jornalismo e Psicologia. Pensou em Design de Interiores e Gerontologia. Até se encontrar na Gastronomia. "Somos amplos, não nos interessamos por uma coisa só", diz.

A paulistana mudou-se para Ribeirão Preto aos 14 anos. Depois do ensino médio, passou em Psicologia da Unesp. "Logo senti que não era aquilo." Depois disso, fez Jornalismo e trabalhou como fotógrafa. Mas a nova atividade também durou pouco. "Percebi rápido que eu não conseguiria me expressar da forma como gostaria" conta Laura, que se forma este ano em Gastronomia pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Na cozinha de um restaurante francês em Ribeirão, ela diz que, após seis anos, finalmente achou seu caminho.

"Dar um tempo" para investir na carreira: quando esta é uma boa opção?

Por: Gladys Ferraz Magalhães
28/06/10 - 10h58
InfoMoney


SÃO PAULO – Muito se fala de profissionais que “dão um tempo” na carreira em busca de aperfeiçoamento. Contudo, se a ideia de fazer, por exemplo, um curso de imersão no exterior ou uma pós-graduação que exija dedicação integral parece perfeita para quem acabou de terminar a faculdade, o efeito pode não ser tão positivo para quem já tem algum tempo no mercado de trabalho.

De acordo com o professor de Estratégia de Carreira do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, Aloísio Buor, se a pessoa foi efetivada no trabalho, assim que terminou a graduação, ou tem até quatro anos de mercado, o ideal é que ela escolha cursos curtos, que possam ser feitos durante as férias, no caso de quem deseja estudar em outro país; ou que possam ser conciliados com o trabalho.

Além disso, explica o professor, este profissional deve investir em aprendizados que aprofundem os seus conhecimentos atuais.

“Para quem acabou de se formar ou tem pouco tempo no mercado, dar uma parada é uma escolha muito difícil. Se a pessoa já tem um emprego e pretende fazer um curso de três, quatro meses, por exemplo, não é o ideal. Na minha opinião, só vale pensar no assunto se a pessoa vai fazer um curso por um período maior, em torno de um ano, que permita ganhos melhores no futuro. Ainda assim, vale pensar, pois este é um momento promissor na carreira, no qual é melhor ficar na empresa e se desenvolver nela”, diz

De cinco a 14 anos de experiência
Os cursos de curta duração em períodos de férias ou maiores, mas que sejam possíveis conciliar com o trabalho, também devem ser a opção de quem tem entre cinco e 14 anos no mercado de trabalho.

A escolha, explica o professor, favorece as duas principais situações que enfrentam os profissionais com esse tempo de experiência: os que estão perto de uma promoção ou os que sentem que estagnaram na carreira.

Acima de 15 anos de experiência
Já para os que possuem 15 anos de experiência ou mais, ao contrário do que se pode imaginar, um período de afastamento pode ser positivo para a carreira, sendo que as chances de ser recontratado pela empresa posteriormente são grandes, avalia Buor.

Neste caso, contudo, completa ele, os cursos devem ser focados na ampliação de competências e não no aprofundamento das práticas atuais.

“Os profissionais com este tempo de carreira podem pensar em um tempo de seis meses a dois anos de afastamento. As empresas costumam entender e recontratar, pois, muitas vezes, eles já estão saturados do que fazem. Assim, os estudos devem ocorrer no sentido de ampliar competências e não de melhorar o que se faz”.

Carreira: Fazer o que gosta ou gostar do que faz?

Flavia Muraro
Você S/A

Certa vez, em artigo para a revista Veja, Stephen Kanitz escreveu que as empresas contratam profissionais para fazer o que a comunidade acha importante ser feito, não aquilo que os funcionários gostariam de fazer, que normalmente é jogar futebol, ler um livro ou tomar chope na praia.

Será que isso quer dizer que estamos fadados a trabalhar em algo que não gostamos em nome da sobrevivência?

Se todos nós fizéssemos somente o que gostamos, quem faria o tal do “trabalho sujo”? Aquilo que ninguém quer fazer e que é extremamente importante para o bom funcionamento das empresas, estados e comunidades?

O trabalho ideal deveria ser aquele que reúne três premissas básicas: gostar, fazer bem feito e conseguir ser bem remunerado pelo que se faz.

Se você só gosta de seu trabalho e o faz muito bem, mas o mercado não está disposto a pagar por ele, você não tem mais do que um hobby. Se você gosta do que faz e o mercado está disposto a pagar pelos seus serviços, mas te falta competência, em breve você será superado por competidores mais efetivos. Por fim, se você é muito bom no que faz, é bem remunerado, mas detesta fazê-lo, possivelmente esse trabalho terá vida curta, pois você vai logo se desmotivar ou até mesmo ficar doente.

O que fazer se minha atividade profissional não é exatamente o trabalho dos meus sonhos? Qual o trabalho ideal? Seria aquele em que seguimos nossos princípios e valores que, uma vez fundidos um ao outro seriam transfigurados em metas de carreira?

Isso existe?

Uma boa dica para começar a gostar mais do que se faz é procurar conhecer melhor tudo o que envolve o seu “ganha-pão”. Esteja sempre atualizado, estude, leia, aprofunde seus conhecimentos em sua área de atuação. Já reparou que, à medida que sabemos mais sobre um determinado assunto passamos a gostar mais dele?
Confúcio, filósofo chinês, disse: “escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”.

Antes de jogar tudo para o alto e mudar de carreira, que tal aprender a amar seu trabalho, buscando mais conhecimento sobre sua área, desenvolvendo competências necessárias para executá-lo bem e finalmente, fazendo-o muito bem feito?

Assim você será mais feliz no trabalho e fora dele, e vai gostar ainda mais de jogar futebol e tomar seu chope na praia.

terça-feira, 13 de abril de 2010

E-MAILS: PEQUENOS CUIDADOS

Comunicação por e-mail no ambiente de trabalho requer cuidados indispensáveis. Então, considere:

1. Não usar um informalismo excessivo, excluindo os coloquialismos.
2. Criar abertura e fecho condizentes com a circunstância e o destinatário.
3. Evitar longas intercalações.
4. Assinar as mensagens.
5. Usar o recurso Com Cópia Oculta para não expor endereços alheios.
6. Usar o recurso Com Cópia para dar conhecimento a terceiros.
7. Revisar a ortografia.
8. Solicitar, quando necessário, os recursos Confirmação de Leitura e Prioridade.
9. Evitar responder imediatamente a mensagens polêmicas e complexas.
10. Praticar a concisão.
11. Não se esquecer de responder.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Qualificação: o que é isso?

Oito executivos de áreas diferentes dizem o que um profissional precisa saber para ser contratado hoje

É comum ouvir no mercado que falta gente qualificada para preencher as vagas abertas nas empresas. “Quando se fala de profissionais realmente bons, com experiência, capacidade de liderança, as ofertas são poucas”, diz Renata Lindquist, da consultoria de busca de executivos Mariaca, com sede em São Paulo, confirmando uma percepção que assombra as companhias que têm plano de expansão. Alguns requisitos básicos, como falar inglês fluentemente, ter cursado uma faculdade de renome e mostrar experiência na área em que se deseja atuar abrem portas, mas não são imprescindíveis em todos os mercados.

Na verdade, o currículo essencial muda de acordo com a empresa. “As companhias vão precisar de gente ambiciosa, com visão interdisciplinar, que dialogue com outras áreas além da sua, pensando na organização como um todo”, diz Gilvan Delft, diretor da consultoria de busca de profissionais Page Personnel, com escritório em São Paulo. Como as principais operações das organizações em expansão continuam sendo as internacionalizações, fusões e aquisições, é importante lidar e ter experiência com diversidade cultural.

As características pessoais - e a prova de que um profissional usou o que sabe a seu favor para conseguir sucesso —, portanto, são mais importantes do que formação impecável, principalmente quando se trata de gente com alguns anos de experiência. “Comprometimento e flexibilidade, por exemplo, são habilidades que não se coloca em currículo, mas que avaliamos durante as entrevistas”, diz Gisleine Camargo, gerente da KPMG, consultoria de gestão de São Paulo.

ENTREVISTAMOS EXECUTIVOS DE EMPRESAS DE TAMANHOS E MERCADOS DIVERSOS E FIZEMOS A ELES A MESMA PERGUNTA: “O QUE UM PROFISSIONAL PRECISA PARA SER CONSIDERADO QUALIFICADO?”. ELES RESPONDEM AQUI , DE ACORDO COM O QUE É ESSENCIAL EM SUAS ÁREAS, O QUE VALORIZAM AO FAZER UMA CONTRATAÇÃO.

PAULO BASÍLIO
Diretor superintendente da ALL, companhia de logística, do Paraná.
“Formação boa é valorizada, mas não mais que atitude e vontade de crescer rapidamente. Esse é o perfil que buscamos. Costumo perguntar pelas decisões que um profissional tomou na vida, vejo se ele arriscou, se aceitou fazer algo diferente no trabalho ou em outras áreas que demonstrem sua ousadia.”

LUÍS DELFIM
Presidente da Guararapes, representante da Coca-Cola, de Pernambuco
“Não esperamos que um profissional esteja pronto, pois investimos em formação. Mas ele tem de mostrar que se atualiza em relação ao mercado e ao mundo. Se está na área comercial, o que tem feito para vender mais? Ele está a par das novas tecnologias? Como faz para prever tendências? Valorizo qualidade nos resultados, mais do que quantidade.”

GUSTAVO DIAMENT
Vice-presidente de marketing da empresa de telefonia Nextel, de São Paulo
“Tem de ser inconformado com o que há na empresa e mostrar resultados que demonstrem que saiu do lugar-comum. Também é importante construir relações colaborativas em todos os níveis da corporação para resolver os problemas. Inglês é essencial, experiência é importante. Mas competências técnicas podem ser aprendidas.”

RODRIGO CASERTA
Vice-presidente de estratégia de mercado da Totvs, empresa de TI, de São Paulo
“Precisamos de gente que traga ideias ousadas. Alguns cargos pedem conhecimento técnico, mas é mais importante a capacidade de liderança, mesmo que seja sobre pessoas de outras equipes: nossos resultados são medidos pelo desempenho de outras áreas. Quem cursou MBA nos Estados Unidos ou Europa ganha pontos — demonstra que se preparou e foi dedicado.”

DELI MATSUO
Vice-presidente de recursos humanos do Google, de São Paulo
“Queremos gente que se destacou ao longo da vida, que se esforçou para estar entre os melhores na escola, no time, na comunidade ou numa ONG. Tem de ter relevância em alguma área. É uma atitude, mais do que formação ou experiência.”

SANTUZA BICALHO
Vice-presidente do Student Travel Bureau, empresa de intercâmbio, de São Paulo
“Queremos gente para o varejo, e por isso é bom ter visão generalista e formação idem, como administração ou comunicação. Pode incluir uma pós-graduação. Quem estudou ou trabalhou no exterior conhece outras culturas, o que importa em nosso negócio. Inglês tem de ser fluente.”

GUSTAVO CHICARINO
Diretor de estratégia da rede Accor, de hotelaria e serviços, de São Paulo
“Fico atento ao comportamento. Estudar fora do país é importante, pois amplia os horizontes, mas ganha relevância se a pessoa fez isso por si mesma, se preparou financeiramente, foi organizada. Saber ouvir e trazer informação nova também é essencial, embora não esteja no currículo.”

LUIZ GALHARDI
Diretor de cadeia de suprimentos da Dow, da área química, de São Paulo
“Tem de ter iniciativa, experiência de trabalho em equipe e saber inovar. Isso aparece na maneira como ele conta seus resultados. Quando alguém fala que cortou custos, quero saber quais os benefícios para o meio ambiente. Escolhemos gente das melhores faculdades e que fale bem inglês.”

Fonte: Você S/A
http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/qualificacao-isso-546337.shtml
Data: 12/04/2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Raiva no Trabalho – Utilize com Inteligência Emocional

Imagine o seguinte acontecimento: Um colega de trabalho não concorda como você está conduzindo determinada tarefa ou projeto e envia um email para você discordando de forma agressiva com cópia para o departamento todo, incluindo o seu gerente e o diretor. Quem ainda não passou por esta situação ?

Após a leitura deste email provavelmente você fica com muita raiva, este sentimento que nos acompanha desde o tempo das cavernas, mas que ainda é muito acionado nos dias de hoje.

Lembre-se que a raiva possui dois lados, o negativo e o positivo e você pode escolher qual deles utilizar.

O lado negativo da raiva é exatamente o embate com um forte desejo de vingança e provavelmente você irá clicar no botão “Responder a Todos” e iniciar uma discussão entre você e seu interlocutor. Acredite caro leitor, nesta ação não está a tal da inteligência emocional. Provavelmente serão trocadas réplicas e tréplicas deste email e a energia de ambos será utilizada de forma errada sem foco na solução do problema. Infelizmente existe na nossa cultura a crença de que aquele que fala mais alto é o ganhador da discussão, mas a inteligência emocional demonstra que as coisas não são bem assim.

O lado positivo da raiva é saber canalizar esta energia para a solução do problema e não para a discussão insana do problema. Uma forma simples e assertiva para resolver este processo é simplesmente responder ao seu colega de trabalho, com cópia para todos, que discorda de algumas observações destacadas no email e que irá procurá-lo pessoalmente ou por telefone para resolverem tal assunto e posteriormente informará aos demais as tomadas de decisões.

Pronto, aí está a assertividade, energia no local correto, na solução e não no aumento do problema. Tenha certeza que os outros colegas e seus superiores perceberão que a postura que você tomou é assertiva e focada na resolução da adversidade.

Treinamento Liderança Assertiva: Acesse este Link

Provavelmente você está pensando agora: “mas Ricardo, eu não agüento, o impulso da resposta agressiva é automático”. Concordo com você, mas a inteligência emocional está em você conter este momento, talvez contanto até dez, ou mesmo até cem dependendo do caso. Já discutimos num artigo anterior sobre o seqüestro da amígdala ( veja no seguinte link ) e com certeza neste momento de fúria a sua amígdala está dando ordens emocionais a você, e quando você dá um tempo para reflexão o córtex pré-frontal entra em ação tornando-o mais racional e conseqüentemente assertivo.

Outra dica valiosa para este processo é você verbalizar com tranqüilidade a este parceiro de trabalho de que as coisas não precisariam chegar a este nível e que ele poderia tê-lo procurado com o problema para juntos encontrarem uma solução. Este feedback pode impedir que outros acontecimentos do mesmo formato se repitam no futuro.

A inteligência emocional não está em não sentir raiva, pois o normal é sentí-la, a inteligência emocional está em como canalizar a raiva, causando mais problemas ou como energia para a solução dos problemas.

Abraços

Ricardo Piovan
Palestrante e Coach Organizacional
ricardo.piovan@portalfox.com.br
http://www.portalfox.com.br/blog/

segunda-feira, 29 de março de 2010

Presenteísmo: trabalhando, mas sem cabeça

Trechos extraídos de matéria publicada na Revista Harvard sobre presenteísmo, até pouco tempo ouvia-se muito sobre absenteísmo (indicador de ausencia do colaborador no ambiente de trabalho), hoje o presenteísmo justificado por algums estudiosos como "perda de produtividade resultante de problemas de saúde reais" que ao serem "ignorados" pelo colaborador podem onerar de maneira considerável os custos que a empresa venha a ter com Planos de Saúde, está sendo considerado como um dos grandes vilões da baixa produtividade.


Presenteísmo: trabalhando, mas sem cabeça

Durante anos, Any Farler, que projeta componentes de transmissão para a fábrica de motores e caminhões International Truck and Engine, sofreu em silêncio com as crises de alergia. Aqui e ali, quando a sinusite se intensificava e se tornava uma enxaqueca terrível, chegava a perder um dia de trabalho. Mas em geral ia para o trabalho e suportava calada a congestão nasal e o desconforto causado pela alergia sazonal. "Às vezes dá vontade de arrancar a cabeça fora", diz a engenheira de 31 anos, que passa o dia no computador trabalhando com modelos em 3D. "Você se sente travado, com a cabeça nublada. Por causa da pressão, a vontade é de fechar os olhos. É difícil se concentrar. A gente acaba avançando de qualquer jeito".

Wood Allen já disse que 80% do sucesso na vida depende, simplesmente, de comparecer. Mas um volume crescente de estudos indica que - pelo menos no local de trabalho - tal estimativa talvez seja otimista demais. Segundo pesquisadores, o presenteísmo - ou seja, quando a pessoa está no trabalho, mas devido a algum problema de saúde não funciona plenamente - pode reduzir a produtividade individual em um terço ou mais. Aliás, pode ser um problema muito mais oneroso do que outro redutor de produtividade, o absenteísmo. E, ao contrário deste, o presenteísmo nem sempre é aparente. Sabemos quando alguém não apareceu para trabalhar, mas muitas vezes é difícil dizer se um problema médico qualquer está prejudicando o desempenho de alguém. "Por fora, parece tudo bem", diz Farler, que ao longo dos anos testou em vão diversos medicamentos, controlados ou não, para a alergia." Só que ninguém, sabe como você está se sentindo."

Um punhado de empresas - entre elas Intenational Truck and Engine, Bank One (comprado há pouco pelo JP Morgan Chase), Lockheed Martin e Comerica - começa a reconhecer o problema do presenteísmo e a tentar combate-lo. Para isso, é preciso determinar o grau da ocorrência de problemas médicos que prejudicam o desempenho, calcular a perda de produtividade resultante e combater essa queda com medidas de boa relação custo/benefício.

Ao contrário do absenteísmo, o presenteísmo nem sempre é aparente. Sabemos quando alguém não apareceu para trabalhar, mas muitas vezes é difícil dizer se um problemas médico qualquer está prejudicando o desempenho de alguém.

Como a área de estudos é nova, restam inúmeras dúvidas, inclusive a principal: até que ponto, exatamente, essas diversas doenças reduzem a produtividade? Pesquisadores estão descobrindo maneiras cada vez mais confiáveis de medir o fenômeno e concluindo que o presenteísmo custa a empresas bilhões de dólares por ano. Surgem provas indicando que investimentos relativamente pequenos na triagem, no tratamento e na educação de pessoal podem gerar ganhos substanciais da produtividade.

Males levados para o trabalho

O presenteísmo, tal como definido por estudiosos, não consiste em usar de má-fé (fingir uma enfermidade ou fugir aos deveres do trabalho), nem de fazer cera (navegar na internet, por exemplo, em vez de preparar um relatório). O termo - que vem ganhando aceitação apesar de incomodar certos acadêmicos pelo tom de modismo da palavra - se refere à perda da produtividade resultante de problemas de saúde reais. A pesquisa sobre presenteísmo parte do princípio de que o pessoal leva a sério o trabalho e que a maioria, se puder, precisa e quer seguir trabalhando.

"Estamos falando de gente que continua a comparecer ao trabalho mesmo doente, e que tenta achar maneiras de seguir em frente apesar dos sintomas", diz Debra Lerner, professora da Tufts University School of Medicine, em Boston. Lerner observa que o presenteísmo pode ser mais comum em momentos econômicos difíceis, quando se tem medo de perder o emprego. "Se cada trabalhador ficasse em casa toda vez que tem uma crise de mal crônico, o trabalho nunca seria feito." O fato de que certos chefes têm uma visão menos generosa das atitudes do pessoal serve de pano de fundo para o contínuo esforço de pesquisadores no sentido de documentar suas conclusões de maneira mais decisiva.

Muitos problemas médicos na raiz do presenteísmo são, pela própria natureza, relativamente benignos (afinal, uma doença mais séria costuma obrigar o indivíduo a ficar em casa, às vezes por períodos extensos). Logo, a pesquisa sobre o presenteísmo se concentra em doenças crônicas ou episódicas como alergias sazonais, asma, enxaqueca e outros tipos de dor de cabeça, dos nas costas, artrite, problemas gastrointestinais e depressão. Doenças progressivas com as cardíacas, ou câncer, que exigem tratamentos caros e em geral atingem as pessoas mais tarde na vida, são as que geram a maioria dos curtos diretos da empresa com saúde - ou seja, prêmios pagos pela empresa à seguradora ou, caso tenha seguro próprio, o reembolso do tratamento médico e de medicamentos. Mas as doenças que as pessoas levam consigo para o trabalho, ainda que tragam custos diretos muitos menores, costumam ser responsáveis por uma perda maior da produtividade. Como são muito generalizadas, é comum não serem tratadas - e, em geral, ocorrem na fase mais produtiva da vida. Tais custos indiretos há muito são praticamente invisíveis a empresas.

Uma doença afeta tanto o volume de trabalho (a pessoa pode trabalhar mais devagar do que de costume ou precisar repetir tarefas, por exemplo) como sua qualidade (a pessoa pode cometer mais erros ou erros mais sérios). Uma alergia como a de Amy Ferler, se não tratada, pode impedir a concentração. O mal-estar causado por problemas gastrointestinais - mesmo problemas comuns mas raramente comentados, como a síndrome do intestino irritável e a doença de refluxo gastroesofágico (a velha azia - é uma constante distração). Já a depressão causa, entre outras coisas, fadiga e irritabilidade, o que prejudica a capacidade de cooperação da pessoa.

É claro que cada problema tem um efeito distinto sobre cada ocupação. A depressão pode não prejudicar seriamente o desempenho de um mecânico de automóvel, mas a dor nas costas, sim. Já a dor na coluna pode não ser grande problema para um corretor de seguros, enquanto a depressão provavelmente será. Nos dois casos, o resultado é uma queda substancial da produtividade da pessoa.

Custos invisíveis

Estudos de grande divulgação nos últimos anos estimaram os custos de diversos males comuns no local de trabalho em nível nacional, nos EUA. No ano passado, dois artigos no Journal of The American Medical Association calcularam que a depressão custa a empresas americanas certa de US$ 35 bilhões ao ano em redução de desempenho no trabalho e que males como artrite, dor de cabeça e problemas nas costas custam quese US$ 47 bilhões. "A dor, seja qual for a causa, vai sempre resultar em tempo perdido no trabalho", diz o principal autor dos estudos, Walter F. Stewart, diretor do Center for Health Research & Rural Advocacy da Geisinger Health System, em Danville, Pensilvânia.

Estudiosos também tentaram quantificar o impacto de doenças em geral sobre a produtividade. Com a mesma metodologia usada para medir o custo da depressão e da dor - uma pesquisa por telefone de uma no inteiro com 29 mil trabalhadores adultos, a American Productivity Audit -, a equipe de Stewart calculou que o custo total do presenteísmo nos EUA é de mais de US$ 150 bilhões ao ano. E mais: a maioria dos estudos confirma que o presenteísmo é muito mais oneroso do que o afastamento ou o absenteísmo em virtude de doenças. Os dois estudos do Journal pf the American Medical Association, por exemplo, concluíram que a perda de produtividade no trabalho em virtude de depressão e dor cerca de três vezes maior do que a perda de produtividade ligada à falta decorrente de tais males. Ou seja, a perda de tempo era menor quando a pessoa ficava em casa do que quando vinha trabalhar mas era incapaz de dar o máximo de si.

Um campo emergente

A produtividade, já um conceito escorregadio, é particularmente difícil de medir na economia pós-fabril de hoje, menos voltada a produtos materiais, na qual tão pouco do que produzimos pode ser contado. Diante disso, estudiosos recorrem a questionários para perguntar se o trabalhador tem algum problema de saúde e, se tiver, o quanto ele prejudica seu desempenho. Há hoje pelo menos meia dúzia de instrumentos de avaliação em uso, cada qual examinando queda na produtividade de uma perspectiva ligeiramente distinta. Um deles, criado por Stewart - da Geisinger Health System - e usado na American Produtivity Audit, pergunta ao trabalhador quanto tempo de trabalho produtivo ele calcula ter perdido devido a problemas de saúde. Outro, desenvolvido por Ronald Kessler, professor da Harvard Medical School, sonda a pessoas sobre seu desempenho geral, foi adotado pela Organização Mundial de Saúde e será usado no início do ano que vem em um dos grandes estudos regionais patrocinados por organizações comerciais no meio-oeste e no sudeste dos EUA. Um terceiro, elaborado por Debra Lerner na Tufts, analisa os vários impactos que a uma doença pode ter sobre a capacidade funcional da pessoa e como tal combinação afeta diferentes ocupações. Está sendo usado por diversos pesquisadores acadêmicos, laboratórios farmacêuticos e empresas - incluindo a Lockheed, no estudo-piloto já citado.

Essas e outras abordagens à pesquisa resultaram em estimativas bastante diversas da queda de produtividade no trabalho. Segundo um exame recente das pesquisas realizadas, as estimativas variam de menos de 20% do total de gastos com saúde na empresa até mais de 60%. Sem um instrumento padronizado de mensuração, "há muita confusão sobre o que está sendo medido". reconhece Stewart. Há outros problemas na pesquisa. Um declínio relativamente pequeno no desempenho de uma pessoa, por exemplo, pode ter efeito dominó sobre a equipe inteira, que se atrasa no cronograma porque aquela pessoa que faltou, por exemplo, a uma reunião. Estudiosos continuam a lutar contra desafios como medir o efeito relativo de dada doença sobre a produtividade no caso de trabalhadores acometidos por mais de um problema de saúde.

Muitos executivos - e inclusive alguns acadêmicos da área - fazem ressalvas quanto ao uso de questionários para coleta de dados sobre o problema e vêem com suspeita as estimativas elevadas sobre seu custo. A lista de céticos inclui executivos financeiros e administradores de benefícios, acostumados a citar até o último centavo a cifra gasta pela empresa em benefícios médicos e farmacêuticos. "Há quem duvide", reconhece Sean Sullivan, presidente do Institute for Health and Productivity Management, organização composta de grandes empresas, planos de saúde, laboratórios farmacêuticos e outros interessados na relação entre a saúde do pessoal e os resultados da empresa. "É gente que pede para ver 'dados concretos'". Mas na economia moderna, simplesmente não é possível contar com dados concretos."

Independentemente das limitações dos atuais instrumentos de medição e pesquisa, a maioria concorda que o presenteísmo é um problema para a empresa: quem não se sente bem simplesmente não dá o melhor de si no trabalho.

Mas uma coisa é mostrar que existe um problema - e oura demonstrar que existe uma solução. E, se existe, que os benefícios justificam o investimento.

Um objeto fundamental de pesquisa sobre o presenteísmo é identificar medidas de boa relação custo/benefício a serem adotadas pela empresa para recuperar ainda que parte da produtividade perdida por problemas de saúde.

Naturalmente, o primeiro passo é a conscientização - sua e de seus gestores - sobre o problema. Walter Stewart lembra da pesquisa que realizou nos fins da década de 1990, quando era professor de saúde pública na Johns Hopkins University, sobre o impacto da enxaqueca na produtividade. No início, nem ele acreditava na magnitude de suas próprias constatações. Foi então que o pessoal da própria universidade começou a relatar o quanto a enxaqueca afetava seu trabalho. A maior surpresa veio anos depois, numa festa, quando conversava com a gerente de projetos desse estudo sobre a enxaqueca. Ela lhe disse que, mais ou menos duas vezes por mês, fechava a porta de sua sala assim que chegava à faculdade, apagava a luz e deitava a cabeça na mesa. O problema: enxaqueca, claro. "Veja só: eu, um 'especialista nacional no assunto' e nem sabia o que passava na minha própria equipe", disse.

O passo seguinte é descobrir que problemas de saúde específicos afetam seus funcionários. Isso talvez exija um estudo formal. Mas, para começar, é possível simplesmente examinar sua força de trabalho com a questão saúde em mente. Lerner, da Tufts, assim resume: "Uma empresa talvez diga: 'Temos uma força de trabalho majoritariamente feminina e nossa rentabilidade depende da prestação de um excelente atendimento ao cliente. A mulher é mais sujeita do que o homem à depressão, algo que pode afetar a relação com clientes. Logo, talvez devêssemos fazer algo a respeito'"

Educar o pessoal também é vital. Talvez seja útil criar programas para evitar que uma doença passe despercebida - ou, como no caso de Amy Ferler, que seja equivocadamente diagnosticada. Um estudo do Comerica sobre a síndrome do intestino irritável revelou que alguns funcionários haviam passado anos em consultas em vão com vários médicos - até cinco ou seis - que davam um diagnóstico errado. Num esforço equivocado para aliviar a dor, muitos tinham até se submetido a cirurgias exploratórias como apendicectomia ou histerectomia.

Também é importante ensinar os funcionários a administrar melhor seu problema de saúde. Um recente programa de educação na Lockheed Martin sobre a artrite dava explicações sobre opções de tratamento e conselhos para tornar a visita ao médico mais produtiva. O Comerica patrocinou uma série de sessões de uma hora durante o almoço - lideradas por gastroenterologistas, eram voltadas a conselhos práticos para aliviar problemas intestinais, como mudar a alimentação e reduzir o stress. Tais programas em geral frisam a importância de tomar regularmente os remédios.

Embora tais iniciativas possam soar simples, o desafio de aprimorar a educação sobre a saúde está longe do trivial.

Uma peça no quebra-cabeça

Custo ou investimento? Essa é a pergunta subjacente a uma leva de pesquisas sobre o vasto tema do "capital humano". Assim como o custo de treinamento é visto por muitos como um investimento numa força de trabalho qualificada, despesas com saúde são vistas como o investimento numa força de trabalho saudável.- e cuja produtividade não seja minada por problemas de saúde relativamente menores, porém comuns. Em ambos os casos, espera-se que haja bons resultados comerciais.

"Uma gestão melhor da saúde do trabalhador pode levar a mais produtividade, o que por sua vez pode criar uma vantagem competitiva nos negócios", diz Sena Sullivan, do Institute for Health na Productivity Management. Com efeito, ascrescenta Sullivan, investimentos para reduzir o presenteísmo, por serem tão raros, trazem maiores oportunidades para que um empresa fique à frente das rivais do que o investido em áreas tradicionais, como treinamento.

Trechos extraídos da matéria publicada na
Revista Harvard