quarta-feira, 30 de junho de 2010

Por qual caminho eu vou? : Indecisão ao escolher o curso complica (ainda mais) a vida do vestibulando

Manuel Cunha Pinto
29 de junho de 2010 | 0h 00
Especial para o Estado - O Estado de S.Paulo


Laura levou seis anos até encontrar sua real aptidão

À medida que o vestibular vai se aproximando, aumenta a ansiedade dos alunos - especialmente daqueles que ainda não escolheram a carreira.

Alexandre Satoru Sato, de 17 anos, faz cursinho no Objetivo e está em dúvida entre Arquitetura ou Publicidade ? ele já cogitou cursar Engenharia. "Me dou bem com números, mas não gostaria de trabalhar em lugar fechado", explica. Sato também pensou em seguir os passos do pai, com quem trabalha em uma empresa de paisagismo. "Gosto de mexer com projeto de jardim, mas meu pai não quer que eu siga esse ramo, diz que não dá dinheiro." Como tem jeito para vendas, ele também pensou em Publicidade.

Ana Carolina de Castro Mendes, de 18 anos, não tinha dúvidas de que seria jornalista. Depois de dois vestibulares fracassados, ela agora pensa em Direito. "Estava muito balançada, agora tenho quase certeza", revela Ana, que antes já tinha cogitado Filosofia e Psicologia. Como Sato, ela pondera sobre o que será melhor para seu bolso e acredita que, nesse ponto, o Direito sai na frente. Para acabar com a indecisão, Ana, aluna do Etapa, pensa em buscar orientação de um especialista.

Para a orientadora vocacional Maria Stella Sampaio Leite, a angústia em relação à escolha profissional pode estar ligada a um equívoco. "Eles se perguntam se, por escolher determinada profissão, nunca mais terão acesso a outras coisas de que gostam", explica Maria Stella. "Mas a vida não é uma trajetória em linha reta."

A história de Laura Bertelli Marcos, de 24 anos, é exemplar de uma trajetória tortuosa, com final feliz. Ela largou os cursos de Jornalismo e Psicologia. Pensou em Design de Interiores e Gerontologia. Até se encontrar na Gastronomia. "Somos amplos, não nos interessamos por uma coisa só", diz.

A paulistana mudou-se para Ribeirão Preto aos 14 anos. Depois do ensino médio, passou em Psicologia da Unesp. "Logo senti que não era aquilo." Depois disso, fez Jornalismo e trabalhou como fotógrafa. Mas a nova atividade também durou pouco. "Percebi rápido que eu não conseguiria me expressar da forma como gostaria" conta Laura, que se forma este ano em Gastronomia pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Na cozinha de um restaurante francês em Ribeirão, ela diz que, após seis anos, finalmente achou seu caminho.

"Dar um tempo" para investir na carreira: quando esta é uma boa opção?

Por: Gladys Ferraz Magalhães
28/06/10 - 10h58
InfoMoney


SÃO PAULO – Muito se fala de profissionais que “dão um tempo” na carreira em busca de aperfeiçoamento. Contudo, se a ideia de fazer, por exemplo, um curso de imersão no exterior ou uma pós-graduação que exija dedicação integral parece perfeita para quem acabou de terminar a faculdade, o efeito pode não ser tão positivo para quem já tem algum tempo no mercado de trabalho.

De acordo com o professor de Estratégia de Carreira do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, Aloísio Buor, se a pessoa foi efetivada no trabalho, assim que terminou a graduação, ou tem até quatro anos de mercado, o ideal é que ela escolha cursos curtos, que possam ser feitos durante as férias, no caso de quem deseja estudar em outro país; ou que possam ser conciliados com o trabalho.

Além disso, explica o professor, este profissional deve investir em aprendizados que aprofundem os seus conhecimentos atuais.

“Para quem acabou de se formar ou tem pouco tempo no mercado, dar uma parada é uma escolha muito difícil. Se a pessoa já tem um emprego e pretende fazer um curso de três, quatro meses, por exemplo, não é o ideal. Na minha opinião, só vale pensar no assunto se a pessoa vai fazer um curso por um período maior, em torno de um ano, que permita ganhos melhores no futuro. Ainda assim, vale pensar, pois este é um momento promissor na carreira, no qual é melhor ficar na empresa e se desenvolver nela”, diz

De cinco a 14 anos de experiência
Os cursos de curta duração em períodos de férias ou maiores, mas que sejam possíveis conciliar com o trabalho, também devem ser a opção de quem tem entre cinco e 14 anos no mercado de trabalho.

A escolha, explica o professor, favorece as duas principais situações que enfrentam os profissionais com esse tempo de experiência: os que estão perto de uma promoção ou os que sentem que estagnaram na carreira.

Acima de 15 anos de experiência
Já para os que possuem 15 anos de experiência ou mais, ao contrário do que se pode imaginar, um período de afastamento pode ser positivo para a carreira, sendo que as chances de ser recontratado pela empresa posteriormente são grandes, avalia Buor.

Neste caso, contudo, completa ele, os cursos devem ser focados na ampliação de competências e não no aprofundamento das práticas atuais.

“Os profissionais com este tempo de carreira podem pensar em um tempo de seis meses a dois anos de afastamento. As empresas costumam entender e recontratar, pois, muitas vezes, eles já estão saturados do que fazem. Assim, os estudos devem ocorrer no sentido de ampliar competências e não de melhorar o que se faz”.

Carreira: Fazer o que gosta ou gostar do que faz?

Flavia Muraro
Você S/A

Certa vez, em artigo para a revista Veja, Stephen Kanitz escreveu que as empresas contratam profissionais para fazer o que a comunidade acha importante ser feito, não aquilo que os funcionários gostariam de fazer, que normalmente é jogar futebol, ler um livro ou tomar chope na praia.

Será que isso quer dizer que estamos fadados a trabalhar em algo que não gostamos em nome da sobrevivência?

Se todos nós fizéssemos somente o que gostamos, quem faria o tal do “trabalho sujo”? Aquilo que ninguém quer fazer e que é extremamente importante para o bom funcionamento das empresas, estados e comunidades?

O trabalho ideal deveria ser aquele que reúne três premissas básicas: gostar, fazer bem feito e conseguir ser bem remunerado pelo que se faz.

Se você só gosta de seu trabalho e o faz muito bem, mas o mercado não está disposto a pagar por ele, você não tem mais do que um hobby. Se você gosta do que faz e o mercado está disposto a pagar pelos seus serviços, mas te falta competência, em breve você será superado por competidores mais efetivos. Por fim, se você é muito bom no que faz, é bem remunerado, mas detesta fazê-lo, possivelmente esse trabalho terá vida curta, pois você vai logo se desmotivar ou até mesmo ficar doente.

O que fazer se minha atividade profissional não é exatamente o trabalho dos meus sonhos? Qual o trabalho ideal? Seria aquele em que seguimos nossos princípios e valores que, uma vez fundidos um ao outro seriam transfigurados em metas de carreira?

Isso existe?

Uma boa dica para começar a gostar mais do que se faz é procurar conhecer melhor tudo o que envolve o seu “ganha-pão”. Esteja sempre atualizado, estude, leia, aprofunde seus conhecimentos em sua área de atuação. Já reparou que, à medida que sabemos mais sobre um determinado assunto passamos a gostar mais dele?
Confúcio, filósofo chinês, disse: “escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”.

Antes de jogar tudo para o alto e mudar de carreira, que tal aprender a amar seu trabalho, buscando mais conhecimento sobre sua área, desenvolvendo competências necessárias para executá-lo bem e finalmente, fazendo-o muito bem feito?

Assim você será mais feliz no trabalho e fora dele, e vai gostar ainda mais de jogar futebol e tomar seu chope na praia.