terça-feira, 16 de junho de 2009

Vilões do tempo

Conheça as armadilhas que podem roubar o tempo que você dedica ao trabalho e sugar sua produtividade

Por Renata Avediani

Ao final de um dia exaustivo de trabalho, você tem a sensação de que produziu pouco ou quase nada? Quem nunca passou por isso que atire o primeiro relógio. A sensação de urgência em quase todas as tarefas do dia tomou conta da rotina de qualquer empresa, e eleger prioridades virou um problema. Para piorar, as ferramentas que deveriam agilizar o trabalho, como e-mail e celular, acabam interrompendo o ritmo e diminuindo a produtividade. Uma pesquisa realizada com 962 profissionais brasileiros no ano passado pela Tríade do Tempo, empresa especializada em gestão de tempo, mostrou que 22% dos entrevistados gastam de duas a quatro horas por dia lendo e-mails e navegando pela internet, para fins profissionais ou não. Entre eles, 92% usam o tempo regular do expediente para essa tarefa. Outro estudo, feito pela Universidade da Califórnia, acompanhou funcionários de duas empresas de tecnologia dos Estados Unidos e mostrou que o máximo que eles conseguiam trabalhar sem interrupção era 11 minutos. Esses 11 minutos, por sua vez, eram divididos em tarefas que duravam cerca de três minutos, como responder a um e-mail ou preencher um formulário. Depois disso eles eram, invariavalmente, interrompidos por colegas ou chamadas telefônicas.


Alessandro Belgamo, de 35 anos, gerente de produtos e soluções Office, da Microsoft, é um exemplo do que dizem as duas pesquisas. Até pouco tempo atrás, ele perdia um bom tempo lendo e resolvendo os problemas que chegavam pelo correio eletrônico todos os dias. Depois de ler um livro sobre administração de tempo (Take Back Your Life, Using Microsoft Outlook to Get Organized and Stay Organized, de Sally McGhee), decidiu colocar em prática algumas dicas, como reservar duas horas por dia só para cuidar dos e-mails -- uma hora pela manhã, outra à tarde. E leva tão a sério esse compromisso que todo mundo já sabe que não pode contar com ele para reuniões nesse horário, por exemplo. "Percebi que poderia ser ainda mais produtivo com essa medida simples", diz. O resultado: Alessandro agora consegue produzir mais no mesmo período a que estava acostumado. Às vezes, até vai para casa mais cedo. O carioca Marco Aurélio Kurlbaum, de 39 anos, gerente de segurança e meio ambiente da farmacêutica Roche, no Rio de Janeiro, tomou medidas mais radicais. Depois de um curso, aprendeu a identificar e a lidar com os ladrões de produtividade e passou a planejar seus dias com antecedência de uma semana. Em troca, ganhou duas horas por dia para se dedicar à família.

PERIGO POR TODO LADO

Reuniões e interrupções em excesso também estão na lista dos vilões da produtividade. A pesquisa da Universidade da Califórnia mostrou que, a cada interrupção, os profissionais levavam, em média, 25 minutos para voltar à tarefa anterior. Ou seja, 11 minutos de concentração contra quase meia hora de dispersão. Quando assumiu a gerência de compras e planejamento estratégico da Johnson & Johnson em São José dos Campos (SP), o economista José Carlos Pereira do Nascimento, de 54 anos, notou que precisava aprender a lidar com as interrupções na mesa de trabalho. Ele fez um acordo com a equipe: os assuntos deveriam ser agrupados e levados a ele de uma só vez. "Tratar problemas em doses homeopáticas é um ótimo consumidor de tempo", afirma. As reuniões, no entanto, nunca foram problema desde que entrou na empresa. Na Johnson, reunião tem hora para começar e para terminar. Se o assunto não esgotou, uma nova reunião é marcada. "Quando você trabalha em uma empresa em que as pessoas são comprometidas com seus horários, fica mais fácil otimizar o tempo", diz. O segredo, ensina, é definir os participantes com antecedência e ter clareza dos objetivos da reunião para convidar as pessoas certas. "Reuniões com mais de uma hora e meia e que têm mais de oito participantes estão fadadas ao fracasso", diz Paulo Kretly, da consultoria FranklinCovey Brasil, de São Paulo. Esse tipo de reunião não serve para definir ou decidir, apenas para comunicar uma novidade ou mudança.

GENTE PRODUTIVA, AMBIENTE PRODUTIVO

Uma maneira que algumas empresas encontraram para aumentar a produtividade foi buscar soluções coletivas para gerir o tempo. Há casos em que o acesso à internet e a programas de mensagens instantâneas, como o MSN, é restrito a determinadas áreas ou horários do dia -- ou até mesmo proibido. A Brasilprev, empresa de previdência privada do Banco do Brasil, em dezembro do ano passado lançou a Campanha da Produtividade. O objetivo é orientar seus profissionais a organizar melhor o período de trabalho para que tenham mais tempo fora dele. "Já conseguimos reduzir em 87% o trabalho nos fins de semana", diz André Camargo, superintendente de gestão estratégica da empresa e um dos responsáveis pelo projeto. As salas de reunião da Brasilprev têm cartazes que estimulam pontualidade, objetividade e planejamento. O uso correto do e-mail e a organização das informações são outros pontos da campanha. Pelo menos três vezes por ano, os funcionários são estimulados a fazer uma limpeza nos arquivos do computador e na mesa de trabalho. Assim, fica mais fácil e rápido buscar documentos importantes.

A Microsoft também optou pela conscientização. Há dois anos foram implementadas regras para otimizar o tempo. "O objetivo inicial era melhorar o desempenho da equipe de vendas, que passava cerca de 20% do tempo em reuniões e lendo e-mails", explica Gustavo Nascimento, de 32 anos, gerente financeiro da empresa e líder da área de produtividade do Ritmo -- programa interno de qualidade de vida. Em um ano, esse número caiu pela metade. Satisfeita com os bons resultados, a empresa resolveu envolver todos os departamentos no programa. O foco é simples: prazos de resposta, uso de e-mail e de telefone, e reuniões.

Há vários fatores que podem melhorar a produtividade do seu trabalho... Mas, segundo Paulo, da FranklinCovey Brasil, os dois básicos são planejamento e disciplina. De acordo com uma pesquisa realizada em 2005 pela FranklinCovey, com 12 000 trabalhadores do mundo todo, apenas um em cada três planeja seu trabalho. "Ter a disciplina de sentar para planejar e depois colocar em prática o que planejou é o segredo do sucesso", afirma. Se você espera aquela tão sonhada promoção trabalhando horas e horas a mais, cuidado. "Quem fica no escritório freqüentemente muito além do horário deixou de ser visto como funcionário-padrão e pode ser encarado como desorganizado!", diz Christian Barbosa, diretor da Tríade do Tempo. "As empresas estão atrás de profissionais produtivos e não daqueles que passam mais horas dentro do escritório", alerta Paulo Kretly.

REUNIÃO

Por que é um vilão?
* Em geral, elas não têm planejamento e objetivos definidos, o que leva à perda do foco.
* O horário determinado para o início não é respeitado e não há horário de término estipulado..
* Participam pessoas demais ou que não têm a ver com o assunto, resultando em excesso de conversas paralelas.
* Os participantes não se preparam adequadamente e atrapalham o dinamismo.
* Não há determinação de tarefas com datas e responsáveis, o que torna o resultado vago.

Saia dessa
* Defina os objetivos da reunião e os tópicos do que deve ser discutido e distribua a pauta com antecedência aos participantes.
* Determine um horário de início e término e seja rigoroso no seu cumprimento.
* Convoque poucas pessoas: apenas quem realmente agrega valor ao assunto -- o ideal é no máximo oito participantes.
* Não deixe que ela dure mais de 1 hora e meia.
* Ao final, defina e deixe claro as tarefas, as datas e os responsáveis por cada uma elas.
* Eleja alguém responsável pelo cumprimento dos horários, do foco e da distribuição das tarefas definidas.

E-MAIL

Por que é um vilão?
* O brasileiro gasta, em média, 3 horas por dia com e-mails*.
* O aviso de novos e-mails fica ativado e a cada nova mensagem as pessoas param o que estão fazendo para conferir.
* Em geral, falta foco nos textos, o que gera perda de tempo lendo mensagens.
* Caixa de entrada cheia dá a sensação de que as tarefas não são executadas e dificulta a busca de informações importantes.
* Em geral, não há um método de acesso a e-mails. A consulta à caixa postal é aleatória.

Saia dessa
* Defina horários durante o dia para ler seus e-mails.
* Desligue o aviso de recebimento de novas mensagens.
* Trate assuntos complexos por telefone ou pessoalmente. A capacidade de fala é mais rápida que a de escrita.
* Escreva e-mails objetivos.
* Deixe na caixa de entrada apenas itens em execução. Ao ler e-mails, resolva o que der e o resto delegue, transforme em tarefas, compromissos ou contatos.
* Crie pastas personalizadas para não perder tempo atrás de informações específicas.
* Tenha pelo menos duas contas de e-mail: uma para o trabalho e outra pessoal.

INTERNET (SITES, MSN ETC.)

Por que é um vilão?

* A navegação consome tempo sem que você perceba, e é fácil pular de link em link e perder o foco. Sites de comunidade, bate-papo e afins são viciantes.
* Os programas de mensagem instantânea, como o MSN, interrompem as tarefas a todo momento.
* Webmail pessoal é a categoria mais acessada pelo brasileiro em horário de expediente e pode distraí-lo por um bom tempo.

Saia dessa
* Estabeleça uma política pessoal de acesso à internet durante o expediente. Deixe a navegação de "lazer" para horários de pausa no trabalho.
* Tenha sempre em mente o que deseja procurar na rede. Com um objetivo claro, fica mais difícil se perder.
* Evite acessar seu e-mail particular, que pode ser monitorado pela empresa. Reserve horários pós-expediente para essa função.
* O MSN pode ser uma ferramenta muito útil, mas tenha
um endereço pessoal e outro profissional. Durante o expediente, use apenas o corporativo e o acesse para conversas rápidas e para tomar informações simples.

CAFEZINHO E CONVERSAS DE CORREDOR

Por que é um vilão?

* Quando são freqüentes atrapalham o foco das atividades. Seis paradas de 10 minutos por dia, por exemplo, desperdiçam pelo menos 1 hora diária...
* Às vezes, uma simples parada se torna uma pequena reunião ou um pequeno encontro social, que acaba tomando muito mais tempo do que o necessário.
* Se estender o papo por muito tempo, você pode acabar recebendo informações e tarefas
importantes, que poderão ser esquecidas pela informalidade da discussão.

Saia dessa
* Evite aceitar qualquer tipo de tarefa no corredor ou no cafezinho. Peça sempre a formalização por e-mail.
* Se a conversa se prolongar, seja objetivo e corte rapidamente.
* Procure agrupar seus horários de cafezinho no retorno de reuniões ou próximos ao retorno do almoço, pois são momentos em que você já está em deslocamento.

INTERRUPÇÕES NA MESA DE TRABALHO

Por que é um vilão?
* Podem parecer fundamentais e inofensivas a quem interrompe.
* Atrapalham o foco do trabalho na medida em que afetam a concentração.
* Se somadas ao longo do dia, representam uma boa parte do tempo de trabalho.
* Para quem não sabe dizer não, podem significar acúmulo de tarefas extras -- dos outros.
* Algumas pessoas criam o hábito de sempre interromper os outros para resolver os seus problemas -- que nem sempre são urgentes.

Saia dessa
* Seja assertivo e diga não quando necessário.
* Quando preciso, deixe claro que não pode ser interrompido e tente criar uma política no
scritório para que todos respeitem este período.
* Quando interrompido em um momento inadequado, pergunte e avalie se é realmente importante. Se não, negocie uma data para resolver o problema.
* Se aceitar a interrupção, diga quanto tempo tem disponível.
* Evite deixar revistas ou objetos interessantes em cima da mesa. Eles podem chamar a atenção e distrair as pessoas, que podem interrompê-lo por um motivo fútil.

TELEFONES

Por que é um vilão?
* Tiram a atenção de tarefas importantes ao longo do dia.
* Consomem muito tempo sem que isso seja percebido.
* Sem objetivos definidos, a conversa pode se tornar extremamente sem foco e complexa.
* Mesmo que não sejam atendidos, podem interromper e tirar a concentração de uma discussão.
* Se o celular tocar ou for atendido no meio de uma reunião, por exemplo, pode ser visto como falta de educação.

Saia dessa
* Se estiver muito ocupado, tire o telefone do gancho -- caso não tenha secretária, é claro.
* Se tiver tempo disponível, atenda imediatamente. É mais rápido do que acessar a caixa postal, anotar o recado e retornar.
* Reserve um tempo na agenda para retornar as ligações.
* Mantenha o foco da conversa.
* Quando viajar, combine um horário no escritório para você ligar e resolver todos os problemas de uma só vez.
* Em reuniões ou compromissos mais formais, deixe o celular no modo silencioso ou desligado. Não haverá perigo de atrapalhar os outros ou se distrair com quem está ligando.

* De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Tríade do Tempo com 962 entrevistados,de outubro a dezembro de 2005 Fonte:Consultoria Tríade do Tempo

Retirado do link: http://vocesa.abril.com.br/edicoes/0099/aberto/evolucao/mt_164359.shtml

Desmotivação de Equipes

por Luciano Fregapani


Pode parecer óbvio, mas não é: O primeiro passo para motivar uma equipe é não desmotivar. É da natureza humana dar mais peso às coisas negativas do que às positivas. Na esfera da liderança, em se tratando de gerar comprometimento e motivação para o trabalho, eliminar os fatores de desmotivação pode trazer muito mais resultados e, muito mais duradouros, do que criar ações de motivação. Confira, a seguir, algumas estratégias para eliminar fatores de desmotivação:

Inverta a pergunta

Ao invés de perguntar a seu colaborador “o que mais te motiva?”, inverta a pergunta para “o que mais te desmotiva?”. Identificar os fatores de desmotivação é o primeiro passo para atuar em cima do problema. Dentro destes, existem fatores de desmotivação particular, bem como fatores comuns de desmotivação da equipe. Identifique e aja!

Elimine as incertezas

Um grande fator de desmotivação é a incerteza. Não estar ciente dos planos e objetivos da empresa é um fator direto de desmotivação e desmobilização, além do fato da dúvida, gerar, naturalmente, fantasias, que, na maioria das vezes, pendem muito mais para o lado negativo do que para o positivo. É, principalmente, nos momentos de dificuldades de uma empresa, que a dúvida não pode pairar no ar, pois, com certeza, contribuirá para a desmotivação dos colaboradores, num momento em que é fundamental contar com o empenho e a dedicação de todos. Nada mais identifica a situação descrita neste parágrafo do que aquele conhecido comentário: “Acho que a empresa está quebrando ...”

Falta de desafios

Sempre digo em minhas palestras: “Se não há desafios, não há motivação!” Deixar uma equipe ou um colaborador sem desafios é o maior erro que um líder pode cometer, quando se trata do tema motivação.

Desafios impossíveis

Pior que não ter um desafio, é ter um desafio ou meta impossível de ser alcançado. Em recentes estudos sobre psicologia da motivação, uma disciplina que tenho estudado bastante, umas das conclusões é: ”Estar ligeiramente atrás é um fator altamente motivador”. Vê-se isto, durante uma corrida, quando o atleta que está em segundo lugar estando perto do primeiro, se motiva muito mais a dar o seu máximo, do que aquele que está longe.

A distância

Nada é mais desmotivador para um colaborador do que a distância do seu líder. Diversos estudos sobre comportamento humano mostram, em média, que cerca de 80 % dos problemas de relacionamento se originam da distância entra as pessoas. Portanto, muitas vezes, o simples fato de se aproximar, vai estar eliminando um forte fator de desmotivação. Aquela perguntinha: “E aí, como estão as coisas?” podem ter uma valor motivador muito maior que você imagina!

Falta de perspectivas

Outro fator de desmotivação, que tem aparecido no topo das listas das pesquisas sobre motivação no trabalho, é não vislumbrar perspectivadas de crescimento na empresa. Muitos colaboradores, principalmente os jovens, tem, cada vez mais, deixado as empresas, por não vislumbrarem as possibilidades de crescimento e desenvolvimento profissional. Cabe ao líder estar atento e dar importância a este fator fundamental, inclusive, para retenção de talentos.

Elimine e acrescente

A medida que você for eliminando fatores de desmotivação, acrescente fatores de motivação. Esse movimento estratégico surte excelentes resultados.

Texto integrante da palestra “Motivação e Sucesso Profissional” de Luciano Fregapani.
Mais artigos no site
: www.lucianofregapani.com.br

Enfermeira não pode ser erotizada

Os conselhos de enfermagem processam artistas e televisões que perpetuam o imaginário erótico em torno da enfermeira

Se existe uma coisa que deixa as enfermeiras doentes é personagem de televisão mostrando enfermeira sexy. Aí não há remédio: é processo na certa. Pelo menos 15 ações movidas por associações profissionais da categoria já tiraram do ar figuras que reforçam o fetiche. A última vítima da fúria das profissionais foi Luciana Gimenez. Uma liminar impediu o Superpop de exibir qualquer reportagem mostrando strippers fantasiadas de enfermeira. Agora, o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) estuda uma ação contra o Google. Quer que o buscador pare de exibir imagens de enfermeiras sensuais e não indexe mais sites que façam referência a elas com conotação sexual. Mas isso não deixa a liberdade de expressão dodói?

“Qualquer proibição é uma forma de cerceamento da manifestação artística e cultural, garantidas pela Constituição”, diz o superintendente da Rede TV!, Dennis Munhoz. A presidente do Coren-RJ, Rejane de Almeida, diz que a exibição desse tipo de personagem reforça o fetiche. “As enfermeiras acabam sofrendo assédio sexual por causa disso. Principalmente no caso em que o doente não está debilitado, como pacientes de ortopedia. Há vários casos em que a enfermeira vai fazer a higiene e o paciente fica excitado”, diz ela.

É complicado, mas o fetiche vem mesmo da televisão. Para o psicólogo social Bernardo Jablonski, o desejo nada tem a ver com as personagens que aparecem. “A enfermeira cuida, pega e toca no paciente. Existe também uma tendência de desejo a profissionais que servem, como o pedreiro, o encanador. Quando você está doente, quem fica na beira da cama, cuidando? Sua mãe. Em última análise, é uma reaproximação edípica”, diz Jablonski, que também é autor do humorístico Zorra total. Como redator, ele considera a proibição absurda. “Há um cerceamento. Hoje na TV os vilões só podem ser empresários, senão alguma classe reclama. Isso é um exagero, uma radicalização”, diz. Presidente do Coren de São Paulo, Cláudio Porto discorda. “Entendemos o direito à liberdade de expressão, mas não podemos ser coniventes quando esse direito induz a sociedade a pensar de uma forma distorcida sobre uma profissão”, diz.

A Justiça, que é cega, não quer mesmo ver enfermeiras eróticas: até agora as associações não perderam sequer um processo. Na lista dos proibidos estão Alexandre Frota (não, ele não se fantasiava de enfermeira, ainda bem, mas criou uma personagem feminina), Flávia Alessandra, Tom Cavalcante e muitos outros (leia abaixo). E não é preciso nem mesmo ser enfermeira para ser vetado. Tom Cavalcante teve de abandonar o bordão “Chama a enfermeira”. A personagem de Flávia Alessandra que fingia ser enfermeira, mas era stripper, teve de inventar outra desculpa para o marido e deixou de sair de casa vestida de uniforme branco. Frota matou sua Enfermeira do Funk, que estava prestes a sair na Playboy fantasiada. Já Scheila Carvalho, que mostrava o tchan vestida de enfermeira na música “Turma do batente”, também teve de parar. A canção falava sobre várias profissões e Scheila disse que escolheu vestir a roupa para homenagear amigas e parentes que são enfermeiras. A letra da música dizia o seguinte: Ela pega na cabeça e o dodói passa/e o dodói passa e o dodói passa/e ela pega na cintura e o dodói passa.

O dodói pode até passar, mas a ira das enfermeiras não. As associações também ficam fulas com DVDs pornôs. O filme Hipertensão sexual, cheio de cenas eróticas com enfermeiras, teve de ser recolhido e a produtora Sex Sites Editorial se comprometeu a não fazer mais nada com o tema. Três sites de venda de produtos eróticos também foram obrigados a tirar do ar fantasias de enfermeirinhas. Um deles foi condenado a pagar R$ 20 mil de indenização por desrespeitar a ordem judicial. O dinheiro, segundo a associação, foi usado em cursos para enfermeiras. Frota teria de desembolsar R$ 1 milhão se desobedecesse. É dinheiro suficiente para deixar qualquer um doente.

FONTE: NELITO FERNANDES - Revista Época 09/06/09